quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Caititu


O Brasil está entre os países que possuem uma das maiores biodiversidades tanto na fauna quanto na flora, onde as diferenças regionais fazem da biodiversidade um dos mais importantes recursos naturais. Com a expansão da fronteira agropecuária, esses recursos foram substituídos para implantação da agricultura e pastagens para pecuária, gerando impactos no ambiente. No entanto, muitas regiões existem limitações edafoclimáticas para produção de espécies domésticas e agricultura, causando reflexos negativos para este tipo de produção.

A utilização de espécies silvestres adaptadas às condições ambientais locais favoreceria a conservação dos recursos naturais, uma vez que não há a necessidade de se modificar o ambiente como ocorre com o processo de produção de espécies domésticas e seria, portanto, uma alternativa de diversificação de produção que causaria menores danos ao meio ambiente (NOGUEIRA FILHO & NOGUEIRA, 2000).

Animais silvestres sempre foram utilizados pelo homem, tanto para subsistência quanto comercial, muitas vezes através da caça predatória e do tráfico chegando a colocar em risco a preservação de muitas espécies, especialmente no Brasil. A partir das décadas de 1960 e 1970, em muitos desses países essa caça foi considerada ilegal em função do estabelecimento de leis de proteção à fauna, mas apesar disso o tráfico continua a ocorrer. A criação comercial de animais silvestres em cativeiro, além de contribuir para conservação da espécie, diminuição da caça e do tráfico e conservação do ambiente, pode ser uma importante alternativa de produção através de um plano de manejo adequado.

Inúmeras espécies da fauna silvestre ganham espaço para criação em cativeiro por terem grande potencial como alternativa na produção pecuária. Entre essas espécies com potencial zootécnico destaca-se o caititu (Tayassu tajacu) que é um animal gregário e rústico, conhecido genericamente como porco do mato. Não é uma espécie ameaçada e, em alguns locais, é até mesmo considerada “praga agrícola”, por consumir cultivos agrícolas como mandioca e milho, além de se adaptarem facilmente às condições em cativeiro e consumindo alimentos produzidos regionalmente. 

Sua carne é bastante apreciada devido ao paladar suave e baixos níveis de colesterol e existe grande interesse em seus couros que atinge elevados preços no mercado, devido a qualidade. A criação comercial de caititu permitirá a manutenção de espécies silvestres na região, educando e fornecendo a população rural, uma nova fonte e oferta de alimento. Através de um sistema de produção adequado, surge como uma nova fonte de renda gerando novos empregos, capacitando à mão-de-obra local, viabilizando o agronegócio regional.

Algumas dificuldades são enfrentadas pelos produtores em todos os elos da cadeia produtiva, o que gera entraves para a consolidação deste segmento do agronegócio. Para a viabilização dessa produção serão necessários estudos sobre o manejo animal, que se constitui nas práticas gerais de uma criação, e, com esses dados, desenvolver uma prática apropriada para a exploração racional desse animal.

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